sexta-feira, 11 de julho de 2025

Não foi justo, mas foi real

Pra mim, a morte é uma coisa que ou te afasta ou te aproxima de Deus.
Ainda mais quando ela acontece ao seu redor. Não tem como se manter o mesmo, porque ela coloca em xeque muitas das nossas certezas — e vira a vida de ponta cabeça.

Os primeiros meses pra mim foram os mais difíceis.
Não que agora seja fácil. Ainda acontece: o telefone toca, ouço um barulho em casa, e por um segundo penso: "ele voltou".
Mas o primeiro e o segundo mês foram, sem dúvida, os mais cruéis.
Porque não é fácil aceitar perder quem se ama. E falando aqui só com o coração: não foi justo.

Não foi justo perder meu marido.
Não foi justo ver os pais dele se revoltarem contra mim por algo que não tive culpa, pedirem distância, quebra de contato.
Não foi justo quando decidiram que queriam tudo o que construímos juntos em 13 anos.
Não foi justo quando precisei me mudar às pressas, sem nada, só pra poder manter o que restou do nosso lar.
Não foi justo escutar palavras duras de pessoas que um dia chamei de família.
Não foi justo ser chamada de aproveitadora.
Não foi justo inventarem uma dívida absurda e se contentarem com o carro só pra, enfim, me deixar em paz.
Não foi justo não poder chorar no velório, porque eu “tinha que ser forte por eles” — (conselho bosta, diga-se de passagem).
Não foi justo não poder viver meu luto porque eu tinha que parecer bem, pra não preocupar os outros.
Não foi justo perder minha liberdade.
Não foi justo ver gente que eu amava se afastar abruptamente.
Não é justo não me lembrar de quase nada dos primeiros meses, porque precisei entrar no piloto automático — resolvendo inventário, papéis, burocracias — enquanto tudo que eu queria era deitar e chorar.
Não foi justo te perder. Não é justo viver tudo isso sem você pra me apoiar.

Em contrapartida...
A morte me afastou de Deus nos primeiros meses.
“Por que comigo?”
“Por que tão de repente?”
“Como uma pessoa entra andando na emergência por um desconforto e simplesmente não sai mais?”
Não foi justo comigo.

Mas nem tudo é sobre mim.
Aliás, talvez quase nada seja.

Hoje, olhando de outro ângulo, consigo aceitar um pouco mais.
Ele já não era o mesmo depois do infarto.
Seus olhos mostravam medo, seu silêncio carregava dor.
Dizia que não conseguia dormir, que tudo doía. Que não sabia mais o que fazer, porque até os remédios que controlavam a dor agora estavam proibidos.
E ele tinha muitas complicações.
Sempre que perguntava qual era seu sonho, a resposta era parecida:

“Não quero mais sentir dor. Não quero mais furar os dedos. Olha como estão pretos!
Não quero mais ter que me preocupar com o que posso ou não comer.”

E ele estava mesmo se esforçando.
Mas aí, do nada… ele se foi.

Eu me vi sozinha, revoltada com o mundo. Tudo era sobre mim.
E não é por maldade. O ser humano é egoísta por natureza.
Mas quando essa revolta passou…
Quando o egoísmo começou a se dissolver…
Percebi que minha única esperança era Deus.

Nas primeiras semanas, eu orava por um milagre, pedia pra tudo ser um pesadelo, implorava pra ele simplesmente entrar pela porta e dizer que estava tudo bem.

Hoje, minhas orações mudaram.
Peço pra que a gente possa se encontrar de novo.
Que exista mesmo uma ressurreição.
Pra que eu possa vê-lo, abraçá-lo e dizer o quanto ele fez falta.
Pra dizer que foi difícil, mas eu fiquei de pé.
Que eu vou criar nossa filha sozinha, mas que ela vai crescer sabendo o pai extraordinário que teve.
Que eu não desisti.
E que podemos seguir juntos — pela eternidade.

Esse foi o jeito que encontrei de continuar.
Porque se você tivesse uma única chance, não lutaria por ela?

domingo, 12 de abril de 2015

F-A-M-Í-L-I-A



Hj senti uma grande necessidade de escrever que a muito não sentia. Me deparei pela manhã com essa foto suuper fofa e com a seguinte legenda: "Olha a cara de traumatizada dessas crianças que tem pais gays", é óbvio que a legenda é irônica.
Bem, eu que possuo o (mal) costume de ler os comentários dos post por pura curiosidade ( aquela mesma que já matou um gato, como diz minha mãe) vi vários comentários alguns fofos e outros comentário um tanto quanto desnecessários, segundo a minha humilde opinião. Porém teve um em especial que me chamou a atenção de forma negativa claro, nele o cidadão (?) dizia que:





Claro meu caro, perdoou-te pela sua ignorância, Jesus mesmo ensinou isso não é? Assim como ele também ensinou algo como Ame o próximo como a ti mesmo. Ou então quanto ele também sabiamente nos aconselhou dizendo que não devemos julgar nosso próximo já que isso cabe somente ao nosso Deus. Quero deixar claro aqui que não estou te julgando, na verdade eu te agradeço, porque se não fosse pelo seu comentário eu não teria voltado a escrever.

Mas quero dizer algumas coisinhas aqui e como não estou ofendendo e nem tenho a intenção creio que posso.Minha "família" é composta por um homem e uma mulher, mas nem de longe é referencia para coisa alguma... Essa história de q precisa de um homem e uma mulher para desenvolver o caráter e saber diferenciar o "certo" do "errado" é extremamente preconceituosa, ridícula e infundada. Crianças precisam de amor e compreensão para serem felizes e se tornarem pessoas de bem. E caso existe alguém, independente do sexo, disposta a cuidar, amar, respeitar, proteger e educar esta criança eu a apoiarei incondicionalmente sempre.
E mais uma vez agradeço a essa pessoa, por ter me motivado a dizer o que penso e sinto :)

domingo, 13 de julho de 2014

Boa menina?

Obediente, boa menina...
Sempre fui nao nego. Nunca dei um trabalho q fosse, nem catapora eu já peguei.
Boas notas, aluna mediana mas comportada. COMPORTADA talvez esse foi meu erro desde o inicio.
Nunca dei trabalho, nunca cheguei tarde, sempre avisei onde ia ou com quem iria. Nunca cheguei de porre ou tarde da balada, nunca precisaram me buscar na delegacia, nunca engravidei ou abortei ou usei drogas (licitas ou não), mal bebo. Sempre fui a igreja e chegava cedo, fazia as tarefas de casa, nao respondia, sempre obedecia,nunca respondi ou levantei a voz.
E o que no fim das contas isso valeu?? Nunca fui uma boa filha mesmo...

terça-feira, 21 de janeiro de 2014




Chove chuva,
Inunda a terra com suas gotas.
Gotas, que são como minhas lágrimas,
Estas que seguro, numa tentativa mal acertada de ser forte.
De suportar e continuar seguindo, independe de tudo.

Chove,
E enquanto chove, lava-me também a alma.
Tira de mim essa amargura que trago na garganta,
Este nó que aperta meu peito,
Esta tristeza que se aproxima cada vez mais de meu coração.

Tenho fé que um dia,
Esta tristeza em minh’alma irá se transformar numa alegria sem tamanho,
Destas difíceis de carregar no peito,
Que precisa ser compartilhada,
Uma felicidade contagiante.

Neste dia, as lagrimas que cairão do meu rosto,
Serão apenas de felicidade e tudo pelo que passei será válido.
Mas enquanto este dia não chega, só peço aos céus para que chova,
Pois nas suas gotas meu coração se conforta,
E enfim me sinto em paz.

terça-feira, 16 de outubro de 2012





"Então foi como se o tempo parasse, e a Alma do Mundo surgisse com toda a força diante do rapaz. Quando ele olhou seus olhos negros, seus lábios indecisos entre um sorriso e o silêncio, ele entendeu a parte mais importante e mais sábia da linguagem que o mundo falava, e que todas as pessoas da terra eram capazes de entender em seus corações. E isto era chamado de Amor, uma coisa mais antiga que os homens e que o próprio deserto, e que no entanto ressurgia sempre com a mesma força onde quer que dois pares de olhos se cruzassem como se cruzaram aqueles dois pares de olhos diante de um poço. Os lábios finalmente resolveram dar um sorriso, e aquilo era um sinal, o sinal que ele esperou sem saber durante tanto tempo em sua vida, que tinha buscado nas ovelhas e nos livros, nos cristais e no silêncio do deserto.
Ali estava a pura Linguagem do Mundo, sem explicações, porque o Universo não precisava de explicações para continuar seu caminho no espaço sem fim. Tudo o que o rapaz entendia naquele momento era que estava diante da mulher de sua vida, e sem nenhuma necessidade de palavras, ela devia saber disto também. Tinha mais certeza disto do que de qualquer coisa no mundo, mesmo que seus pais, e os pais de seus pais dissessem que era preciso namorar, noivar, conhecer a pessoa e ter dinheiro antes de se casar. Quem dizia isto talvez jamais tivesse conhecido a Linguagem Universal, porque quando se mergulha nela, é fácil entender que sempre existe no mundo uma pessoa que espera a outra, seja no meio de um deserto, seja no meio de grandes cidades. E quando estas pessoas se cruzam, e seus olhos se encontram, todo o passado e todo o futuro perdem qualquer importância, e só existe aquele momento, e aquela certeza incrível de que todas as coisas debaixo do sol foram escritas pela mesma Mão. A Mão que desperta o Amor, e que fez uma alma gêmea para cada pessoa que trabalha, descansa e busca tesouros debaixo do sol. Porque sem isto não haveria qualquer sentido para os sonhos da raça humana."


O Alquimista - Paulo Coelho

domingo, 14 de outubro de 2012

Ah essa moça!

Eduardo Viana - http://eduardo1989.wordpress.com


“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é? A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”


domingo, 28 de agosto de 2011

Minhas Confissoes

Você me faz tao bem.. Conseguiu trazer de novo a cor pra minha vida, coitada a tempos vivia em preto e branco... um tédio que você nem imagina.....
Me deu um novo animo, alegria, vontade de viver principalmente se for pra viver com você.. Não suportaria viver em um mundo onde você não existisse...
Trouxe-me novamente a vida, me mostrou o que é felicidade, e que ela nao existe longe de você. Te quero sempre e pra sempre, porque eu te amo. Amo muito, muito mais do que pensei que um dia poderia amar alguém  Muito mais do que me disseram um dia que seria possível amar alguém.
E olha eu aqui falando de amor... justo eu, euzinha que sempre jurei, pra mim mesma que isso nunca aconteceria comigo, eu que sempre tirei sarro, fiz graça e achei ridículo essa historia furada de amor.... Eu que achava tudo isso brega demais pra mim. Eu que não consigo e que não quero viver longe de você...
Eu que jurei nunca me apaixonar por ninguém... principalmente por você...

Te amo Te amo e Te amo